Cuba vai às urnas para iniciar a despedida de Raúl Castro da presidência

Após cerca de 60 anos, sobrenome Castro ficará fora da disputa pela presidência. Cidadãos votarão neste domingo (11) nos políticos que elegerão o substituto no cargo.

Os cubanos vão às urnas, neste domingo (11), para eleger os 605 membros da Assembleia Nacional do Poder Popular. Os políticos eleitos escolherão, em 19 de abril, o novo líder do país – que substituirá Raúl Castro.

Pela primeira vez em quase seis décadas, após a liderança dos irmãos Fidel (falecido em 2016) e Raúl, a presidência de Cuba recairá sobre outro sobrenome.

No entanto, a transição será gradual: Raúl, aos 86 anos, continuará no poder até 2021, mas como primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC).

Mais de 8 milhões de cubanos são convocados a ratificar tanto os delegados de suas assembleias provinciais quanto os 605 nomes propostos para o Parlamento, lista peneirada por uma comissão de candidaturas que supervisiona o governista PCC, único autorizado a existir.

Sem partidos

Os candidatos propostos podem ou não ser membros do PCC e provêm tanto de eleições locais quanto de organizações sindicais e estudantis pró-governo. Partidos não participam.

“Não concorrem partidos políticos, nem se financiam campanhas. A base para propor e eleger os candidatos é o mérito, a capacidade e o compromisso do povo”, disse Raúl Castro em 2017.

Na lista, está garantida a cúpula do PCC, incluindo Castro – seu primeiro-secretário-geral -, os líderes históricos da Revolução e 322 mulheres.

Depois das eleições, o Parlamento aponta 31 membros para o Conselho de Estado, que selecionam, entre eles, o novo presidente.

Días Canel: o favorito

Raúl, de 86 anos, completa uma década de mandato, prazo-limite estabelecido por ele mesmo para exercer a presidência do país. Cubanos e analistas acreditam que ele será substituído pelo primeiro-vice-presidente, Miguel Díaz Canel, de 57 anos.

Díaz Canel já garantiu, publicamente, a continuidade.

“Sempre haverá presidente em Cuba defendendo a Revolução, e serão companheiros que sairão do povo”, disse ele, em novembro passado.

Embora seja das fileiras do PCC, ele é um personagem nascido depois da Revolução, que não faz parte dos chamados líderes “históricos”.

“Um cidadão cubano ostentará a primeira magistratura do país, mas não contará com a legitimidade conferida pelo processo triunfante em 1959 e por seu desenvolvimento posterior aos dois líderes que ocuparam a direção durante esse intervalo”, opinou o acadêmico Julio César Guanche, no portal OnCuba.

Segundo ele, a legitimidade virá mais da qualidade de sua “performance institucional”, inclusão social na tomada de decisões e proteção de direitos “do que da qualidade da história pessoal do futuro presidente”.

Fonte: G1

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