Em depoimento, Geddel nega influência em delação de Lúcio Funaro

O ex-ministro Geddel Vieira Lima prestou depoimento na manhã desta terça-feira, 6, na Justiça Federal de Brasília, no processo em que é acusado de tentar obstruir as negociações do acordo de delação premiada de Lúcio Funaro com a Procuradoria-Geral da República.
A sentença poderia ter sido dada hoje depois do depoimento de Geddel Vieira Lima e do ministro Eliseu Padilha, como testemunha de defesa, mas o Ministério Público pediu o prazo de cinco dias para fazer as alegações finais por escrito. De acordo com o procurador Anselmo Lopes, é preciso verificar as contradições em relação à quantidade de ligações que foram feitas de Geddel à esposa de Lúcio Funaro, Raquel Pita.
Geddel disse que não se lembra ao certo quantas foram e criticou: “memória fantástica só quem tem é elefante e delator”. O ex-ministro reafirmou que o caráter das ligações eram pessoais, para confortar Raquel pela situação que passava, da prisão de Funaro, e sempre reforçava a ela que tudo “iria passar”. Geddel se descreveu como solidário à Raquel e criticou os que o teriam lançado “no vale dos leprosos”.
O momento de maior tensão no depoimento foi quando a defesa de Geddel o orientou a não responder perguntas do Ministério Público, ao que Geddel acatou, mas escorregou por vezes, dando pequenas respostas. De acordo com o advogado, Gamil Föppel, a orientação foi no sentido de manter a coerência processual já que teria se colocado formalmente e voluntariamente diversas vezes para prestar esclarecimento ao MP. “O Ministério Público deve ter se dado conta da fragilidade da acusação, da inconsistência desde o primeiro momento, processo que começou com denúncia para depois se procurar provas”, afirmou Föppel.
Geddel se emocionou ao contar que se sentiu condenado no dia em que foi tirado de casa em 8 de setembro: “Fui condenado à pior das penas, a morte civil”. O ex-ministro comentou o choro na audiência anterior, relatou ter conversado com um padre a respeito e teria ouvido do religioso o conselho de que “os olhos foram feitos pra ver e pra chorar”, ao que acrescentou que as lágrimas eram manifestação de dor, amor e saudade da família, sendo que ressaltou em dois momentos que dia 8 de setembro era aniversário de um de seus filhos. Em setembro, Geddel foi preso em regime fechado por causa dos R$ 51 milhões encontrados em apartamento em Salvador. Antes, estava desde julho em prisão domiciliar.
Eliseu Padilha
Como testemunha de defesa, o ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha participou em videoconferência por cerca de dez minutos e afirmou que quase tudo o que sabe sobre o caso de Funaro foi por conta da imprensa. Padilha disse que não conhece Funaro ou sua esposa e que não acompanhou ou conversou com integrantes do Palácio do Planalto sobre a delação de Funaro.
O ministro confirmou que conhece Geddel desde 1995, a quem definiu como “uma pessoa correta, alguém que cumpria com as suas obrigações”. Padilha ainda informou que esteve com Geddel depois dele ter deixado o cargo de ministro, não soube precisar quantas vezes, mas supôs que os encontros eram para tratar de assuntos relacionados ao PMDB
Fonte: A Tarde