“A agenda é minha”, diz vereadora de Ribeira do Amparo-BA à Polícia Federal

Eulina Amorim admite a autoria das anotações, afirmando que os valores se destinavam à construção de uma capela. O Tribunal Superior Eleitoral, contudo, concluiu que o suposto furto da agenda não foi comprovado.
A vereadora Eulina da Silva Amorim (PT), de Ribeira do Amparo, confessou em depoimento à Polícia Federal ser a autora da maioria das anotações contidas na agenda apreendida e usada como prova no Inquérito n.º 2024.0117957-SR/PF/BA.
“A agenda é minha”, afirmou a parlamentar, ao reconhecer a caligrafia e o conteúdo do caderno.
Segundo a vereadora, os valores e registros ali descritos não têm relação com a disputa eleitoral, mas referem-se a doações comunitárias destinadas à construção da Capela Irmã Dulce, no povoado de Cansanção – Lagoa Doce.
Eulina declarou ainda que algumas páginas — especialmente as de nº 22 a 24 — teriam sido escritas por terceiros, e que o adesivo de campanha colado na capa foi inserido após o desaparecimento do caderno.
Versão rejeitada pela Justiça Eleitoral

Apesar da narrativa apresentada à PF, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a tese de furto da agenda, sustentada pela defesa da vereadora no Recurso em Habeas Corpus nº 0601266-86.2024.6.05.0000, impetrado em novembro de 2024 e julgado definitivamente em agosto de 2025.
O parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral, acolhido pelo relator ministro André Mendonça, foi categórico:
“O mencionado furto da agenda da recorrente não encontrou ressonância na visão do órgão acusatório, que arquivou o inquérito policial que apurava a prática do delito patrimonial (…), o que apenas reforça a ausência, prima facie, de eventual atipicidade da conduta, causa extintiva da punibilidade ou evidente ausência de justa causa.”
Com esse entendimento, o TSE concluiu que não havia prova do alegado furto e autorizou a continuidade da investigação sobre o conteúdo da agenda e as anotações nela registradas.
Entenda os fatos
📆 Julho de 2024 — O início da controvérsia
O caso começou quando adversários políticos divulgaram cópias e vídeos de um caderno com anotações e valores atribuídos à vereadora. O material foi levado à Justiça Eleitoral pelo MDB como prova de supostos ilícitos na campanha municipal.
⚖️ A notícia-crime e a reação da defesa
Em 9 de julho de 2024, o MDB apresentou uma notícia-crime eleitoral à 79ª Zona Eleitoral de Nova Soure, representado pelos advogados Gildson Gomes dos Santos e Luiz Fernando Ribeiro de Sales.
Eulina reagiu dois dias depois, alegando que o caderno fora furtado dentro da Câmara Municipal, registrando boletim de ocorrência na Polícia Civil e pedindo o trancamento do inquérito por ilicitude da prova.
🧾 O julgamento no TSE
O habeas corpus foi negado por unanimidade. O colegiado do TSE entendeu que não há prova de furto, nem elementos que demonstrem constrangimento ilegal, mantendo o inquérito instaurado pela Polícia Federal.
🗒️ O depoimento à PF
Já em 22 de julho de 2025, Eulina prestou depoimento à Delegacia de Direitos Humanos e Defesa Institucional da PF, reconhecendo ser a autora das anotações. Alegou, porém, que os valores descritos correspondiam a “ajudas comunitárias” para a Capela Irmã Dulce, não a gastos de campanha.
📚 O conteúdo da agenda
O caderno contém anotações sobre reuniões, pautas pedagógicas, discursos e listas de doadores.
Entre os nomes citados, aparecem Germano Santana, Andresson e Nega do Pimentel, apontados como colaboradores da obra religiosa — informação confirmada pela própria vereadora em seu depoimento.
📉 Situação atual do inquérito
Até o momento, não há denúncia formal contra Eulina Amorim. A Polícia Federal aguarda documentos complementares e a manifestação final do Ministério Público Eleitoral, que poderá decidir pelo arquivamento ou pela apresentação de denúncia.
Entre o altar e o tribunal
A “agenda 2020” — ora tida como instrumento de fé, ora como evidência política — tornou-se o símbolo de uma disputa entre versões:
de um lado, a narrativa de uma vereadora perseguida politicamente; de outro, a suspeita de uso irregular de anotações e valores em contexto eleitoral.
O julgamento do TSE, ao afastar a alegação de furto, reposicionou o caso no campo da responsabilidade objetiva — deslocando o foco da origem do caderno para o conteúdo e a finalidade das anotações.
Enquanto isso, Eulina mantém a versão de que o caderno servia apenas como instrumento de trabalho e devoção pessoal.
@portalalerta “A agenda é minha”, diz vereadora de Ribeira do Amparo-BA à Polícia Federal A vereadora Eulina da Silva Amorim (PT), de Ribeira do Amparo, confessou em depoimento à Polícia Federal ser a autora da maioria das anotações contidas na agenda apreendida e usada como prova no Inquérito n.º 2024.0117957-SR/PF/BA. “A agenda é minha”, afirmou a parlamentar, ao reconhecer a caligrafia e o conteúdo do caderno. #ribeiradoamparobahia #agenda2020 #policiafederal #Investigacao #caixa2 #compradevoto #eleicoes2020 #vereadora #portalalerta #portal_alerta #deolhonanoticia
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