‘Gabinete de crise’ é criado para apurar soltura irregular de ex-braço-direito de Fernandinho Beira-Mar; MP diz que vai pedir inclusão de nome na lista da Interpol

MP, DGAP e Polícia Civil integram comitê para verificar circunstâncias da liberação. Apesar de habeas corpus, Playboy era condenado por outros processos e não poderia sair do Presídio de Formosa.

Uma comissão reunindo representantes de três órgãos foi criada nesta segunda-feira (16) para apurar a soltura irregular do detento Leomar Oliveira Barbosa, de 55 anos, apontado como ex-braço-direito de Fernandinho Beira-Mar, do Presídio Estadual de Formosa, no Entorno do DF. Participam do grupo um integrante do Ministério Público, um da Polícia Civil e outro da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP).

De acordo com o representante do MP, promotor de Justiça Douglas Chegury, trata-se de um “gabinete de crise” para verificar as circunstâncias da liberação de Leomar, conhecido como Playboy, bem como a união de esforços para recapturá-lo. Ele foi beneficiado com um habeas corpus e deixou a cadeia apesar de ser condenado em outros dois processos.

“Estamos traçando estratégias para esclarecer o que houve, bem como prendê-lo novamente. Os três órgãos têm investigações em curso e o intuito é estabelecer como será essa atuação para a realização de um trabalho integrado”, disse ao G1. Chegury afirmou ainda que será solicitado, “com certeza”, a inclusão do nome de Leomar na lista de procurados pela Interpol.

Pela Polícia Civil, as diligências ficaram a cargo do delegado Vytautas Zumas. “O MP não tem uma estrutura de pessoal muito grande. Então a polícia vai entrar com a parte técnica e de recursos humanos”, pontua.

A assessoria de imprensa da DGAP disse que ainda não foi escolhido o nome do representante na força-tarefa.

Ao G1, a advogada Amanda Alves, que representa Playboy, disse que está tomando conhecimento da força-tarefa agora e que “as defesas serão tomadas no momento oportuno”. Ela afirmou ainda que sempre pautou seu trabalho dentro da “legalidade” e que ” a culpa não foi do Leomar e se houve erro foi do Estado”.

Solto após ‘erro’

No total, segundo o Relatório de Liquidação de Penas emitido pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Playboy já tinha cumprindo 12 anos e três meses dos 36 anos e meio de prisão pelos quais foi condenado. Destes, 11 anos e sete meses, pela 5ª vara Federal Goiás, por tráfico de drogas. Por esse processo, ele conseguiu um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF).

No entanto, ele tinha condenações em outros processos e não poderia ser solto. Devido a questão, servidores do sistema prisional envolvidos no procedimento foram afastados.

Playboy foi solto do Presídio de Formosa mesmo tendo condenações em outros dois processos (Foto: DGAP/Divulgação)

Conforme a DGAP, ele era considerado um preso de bom comportamento e nunca teve nenhuma falta disciplinar. Sua ficha aponta ainda que ele já contabilizava quase mil horas de estudos na prisão, o que resulta em uma mais de dois meses de diminuição de pena.

O Tribunal de Justiça de Goiás expediu um novo mandado de prisão contra Playboy. De acordo com o tribunal, agora, o nome dele passa a constar no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), uma plataforma que pode ser acessada em todo o país.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, também se pronunciou sobre o caso. Ele disse que a soltura da cadeia de Leomar Oliveira Barbosa foi um “desastre” e um “equívoco criminoso”.

“Tem que se identificar quem sãos os responsáveis e puni-los, porque é inaceitável você prender, e ter uma grande dificuldade para prender, nunca é fácil, um bandido como esse, e ele ser solto por um equívoco. É difícil até de acreditar. Mas de todo jeito tem que ser averiguado e punir os responsáveis”, completou o ministro.

De acordo com o MP, a direção do presídio só soube da soltura irregular uma semana depois.

Prisão

Em uma operação de 2011, a Polícia Federal descobriu uma nova rota do tráfico internacional que passa por dentro do Pantanal. Na ocasião, foram apreendidos dois aviões e mais de 6 mil cartuchos de munição de fuzil 762 – metralhadoras automáticas de uso exclusivo das Forças Armadas – que estavam escondidos em uma fazenda. As investigações apontaram que o arsenal pertencia a Leomar.

Reportagem do Jornal Nacional revelou que o fazendeiro que cedeu a propriedade para esconder a munição levou aos policiais até o local. Ele desenterrou os tambores onde estavam os projéteis. A propriedade fica em Barão de Melgaço, a 110 quilômetros de Cuiabá, em uma região alagada do Pantanal.

Leomar começou cumprindo pena na Penitenciária Odenir Guimarães (POG). Porém, neste ano, ele foi transferido para Formosa para uma unidade feita para abrigar presos considerados perigosos ou ligados a facções criminosas.

Fonte: G1

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