O vitimismo nosso de cada dia, por Joannes Souza

Mulheres sendo mortas por não aceitarem serem propriedade de um “macho”; na mentalidade dessas pessoas, se a mulher não “é dele”, merece ser morta, para “não ser de outro”.

A isso se chama feminicídio, uma das faces mais pesadas do patriarcado e do machismo que existe no Brasil (e em muitos lugares do mundo, mesmo nos países desenvolvidos).

Mas há quem negue. Há quem diga que tudo é a mesma coisa, que todas as mortes são iguais, que é vitimismo, que é exagero. Mas nas estatísticas ninguém consegue mostrar que um homem branco morre simplesmente por ser homem branco. Talvez a hipocrisia, a cara de pau, o despeito pela dor do outro faça surgir a falácia do “branquinicídio”, pra tentar justificar o injustificável.

Mulheres mortas por serem mulheres é feminicídio!

Pessoas LGBT sendo mortas por serem LGBT é homofobia!

Pessoas negras sendo mortas por serem negras é racismo!

Felizmente a tragédia parece que não se concretizou. Menos uma vítima fatal, porque como vítima essa garota já foi violentada apenas por se perceber alvo da situação. Se ela vai aprender alguma coisa com isso, se vai criar consciência sobre isso, se vai agir diferente daqui pra frente em relação a isso, não sei. Mas dificilmente ela não foi afetada pela situação, ainda que seja restrito a esse momento. No mínimo, de forma mesmo que tímida, ela descobriu porque na nossa sociedade, como bem descreve Simone de Bouvoir, “não se nasce mulher, torna-se mulher”.

 

Joannes C. Souza

Natural de Ribeira do Pombal, formado em Ciência Política pela Universidade Federal da Bahia, atualmente trabalha como Assistente de Projetos Sociais na Vice-presidência de Governo da Caixa Econômica Federal, em Brasília.

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