Adélio quer sair da prisão, e afirma ter mudado de opinião sobre Bolsonaro

O homem que esfaqueou Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018, Adélio Bispo de Oliveira, disse em depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (31) que se recusa a fechar acordo de delação premiada porque não tem nada a falar além do que já relatou.
Adélio foi ouvido na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), onde está preso, pelo delegado Rodrigo Morais, da superintendência da PF em Belo Horizonte. Ele é o responsável pelo inquérito que apura a existência de comparsas ou mandantes do ataque ocorrido em Juiz de Fora (MG).
Como a Folha de S.Paulo mostrou, Adélio pediu à Justiça que seus atuais advogados sejam destituídos e que ele passe a ser representado pela DPU (Defensoria Pública da União) na ação penal originária, que corre em Juiz de Fora. A solicitação ainda está sendo analisada.
O preso é defendido hoje pelo escritório do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que também é o curador (representante legal) dele.
O processo que trata da punição pela facada foi encerrado em julho sem que houvesse contestação. Os pontos que podem ser discutidos agora são relacionados à execução da medida de segurança.
Adélio reiterou nesta quinta-feira a vontade de deixar a penitenciária no Mato Grosso do Sul e ser transferido para uma cadeia em Montes Claros (MG), onde moram seus parentes, ou mais próxima da cidade.
O advogado Marco Alfredo Mejia, que é da equipe que atende o esfaqueador e acompanhou o depoimento à PF no presídio, disse à Folha que o esfaqueador voltou a falar sobre a vontade de ir para um local perto da família.
“O curador [Zanone] considera que o lugar mais seguro para ele é um estabelecimento do Sistema Penitenciário Federal, por isso sempre se posicionou a favor da permanência dele aqui”, afirmou.
Mejia disse ainda ter estranhado se cogitar uma delação, já que “uma eventual colaboração dele não teria valor jurídico, por se tratar de uma pessoa reconhecidamente inimputável”.
“Ele não quer delação nenhuma, porque agiu sozinho, foi um lobo solitário.”
Segundo o advogado, Adélio aparentou um estado mental menos confuso, já que começou recentemente a aceitar o tratamento psiquiátrico e os medicamentos oferecidos na prisão.
“Está mais lúcido, situado, centrado, com um discurso linear, sem tantos delírios. Não quer ameaçar ninguém. Quer cumprir o que foi determinado na lei”, afirmou Mejia. O delegado e o escrivão da PF relataram impressões parecidas ao deixar o local.
No depoimento, Adélio disse que o que mais quer é sair da prisão e ter uma vida normal. E que não pensa mais em matar Bolsonaro e o ex-presidente Michel Temer (MDB), como pretendia até meses atrás. Falou ainda que desistiu de combater a maçonaria, organização que ele acreditava persegui-lo.
Fonte: Yahoo Notícias