Governo do Paraná e Rússia farão acordo para fabricação de vacina contra Covid

O governo do Paraná anunciou que vai assinar na quarta-feira (12) um convênio com a Rússia para produção da vacina Sputnik V, que teve o registro de agente imunizante contra o novo coronavírus anunciado pelo presidente Vladmir Putin nesta terça-feira (11).
O acordo, que deve ser assinado pelo governador Ratinho Júnior (PSD) e pelo embaixador da Rússia no Brasil, prevê que o Paraná poderá testar, produzir e distribuir a vacina. O anúncio da parceria foi feito pelo diretor-presidente do TecPar (Instituto de Tecnologia do Paraná), Jorge Callado, em entrevista à GloboNews.
Após o pacto, o governo do Paraná informou que irá compartilhar o protocolo russo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para que a agência libere todas essas etapas. A produção da vacina no Brasil, no entanto, depende do aval da Anvisa.
Procurada, a Secretaria de Comunicação do governo do Estado do Paraná disse que o governador tem prevista uma reunião na quarta-feira com o embaixador russo no Brasil, mas não confirmou que será assinado um acordo de parceria para a vacina.
O chefe do fundo soberano da Rússia, Kirill Dmitriev, disse que a vacina deveria ser produzida no Brasil após aprovação regulatória.
Callado ressaltou ainda que, se tudo ocorrer dentro dos protocolos previstos, a distribuição da vacina russa não deve ocorrer antes do 2º semestre de 2021.
“Antes da liberação, não há possibilidade de colocar nada em prática. Reitero que a prudência e a segurança são palavras-chave nesse processo. (…) É importante não queimar etapas, e a investigação [científica] é fundamental agora. Como o termo prevê estudos e validações, não vejo a possibilidade de atrasos”, afirmou Callado, em entrevista à GloboNews.
A parceria foi discutida em reunião no dia 24 de julho, em Brasília, entre o secretário da Casa Civil, Guto Silva, e o embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov. Na ocasião, o governo paranaense colocou à disposição a estrutura e técnicos Tecpar.
“Tivemos a aprovação do embaixador e agora os protocolos do acordo serão preparados pelas equipes do Paraná e da Rússia”, disse o chefe da Casa Civil na ocasião.
De acordo com Callado, do Tecpar, é possível que uma terceira fase de testes clínicos com a vacina seja feita no Brasil. “Esperamos que os resultados sejam positivos, pois o Gamaleya é um laboratório de referência internacional”, afirmou.
O governo do Paraná possui uma reserva orçamentária de R$ 200 milhões para a compra de vacinas contra a Covid-19. Metade do valor sairá do caixa da secretaria estadual da Saúde e a outra parte é resultado de um repasse da Assembleia Legislativa do Paraná.
OMS ACENDE ALERTA APÓS REGISTRO
No entanto, a falta de publicações científicas que comprovem a eficácia da imunização acende um alerta na OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade afirmou precisará ter acesso aos dados da pesquisa para avaliar a vacina e aprová-la.
No entanto, a Rússia não precisa do aval da organização para fazer o registro.
No dia 31 de julho, a OMS registrou que os russos ainda estavam na primeira fase da vacina. Para que a imunização seja considerada segura e eficaz, é preciso concluir a fase 3. Para a entidade, a população só deve ser vacina após ser aprovada nas três etapas.
Tarik Jasarevic, porta-voz da Organização Mundial da Saúde, afirmou que a informação que a entidade tem é a de que os russos seguiam na fase 1. O representante da OMS disse que a organização está em contato com a agência regulatória russa.
“Os produtores pedem à OMS uma pré-qualificação porque é uma espécie de selo de qualidade. E então, há um processo de avaliação dos dados de segurança e eficácia que foram colhidos nos ensaios clínicos”, explicou. Ele ainda afirmou que a Organização Mundial da Saúde faria o mesmo processo com qualquer vacina candidata.
Especialistas internacionais levantaram preocupações sobre a velocidade com que a Rússia criou a vacina, sugerindo que o país possa tê-la desenvolvido de forma apressada.
A vacina russa não está na lista da OMS de seis vacinas que alcançaram a fase três dos testes clínicos, que envolvem testes mais amplos em humanos.
Fonte: Yahoo Notícias