Bolsonaro indica que vai à Justiça contra a Globo por editorial do JN

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que tentará a “responsabilização e o esclarecimento da verdade” ao se referir ao editorial do Jornal Nacional, da TV Globo, no último sábado (8), dia em que o Brasil bateu a marca de 100 mil mortos pela pandemia do coronavírus.
Na edição, os âncoras William Bonner e Renata Vasconcelos leram um texto em tom editorial que questionou se o presidente havia cumprido a Constituição no que diz respeito a evitar com que os brasileiros ficassem doentes. O JN chamou a atenção para o fato de o país não ter um ministro da Saúde titular desde 15 de maio e afirmou que Bolsonaro “menosprezou” a covid, lembrando falas do presidente que minimizaram a doença.
Em sua live semanal nas redes sociais nesta quinta (13), Bolsonaro afirmou que a acusação “não tem cabimento”, defendeu as ações do governo federal, criticou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e indicou que acionará judicialmente a Globo por conta do editorial.
“Um órgão de imprensa grande me acusou de ser o responsável por 100 mil mortes. Não tem cabimento. Tomamos medidas concretas para se preparar, antever, prevenir, porque a gente sabia que viria [o vírus]”, disse o presidente, citando o resgate dos brasileiros que moravam Wuhan, cidade chinesa onde a pandemia começou.
“Vamos tentar a responsabilização e o esclarecimento da verdade no tocante a essa matéria, porque não dá para a gente não se defender disso. Uma acusação de genocida para cima de mim no horário nobre, ou que eu sou o responsável e que deveria cumprir a Constituição? ‘Será que o presidente está cumprindo a Constituição?’ Com tudo que fizemos, com quase R$ 700 bilhões para combater o vírus”, acrescentou.
“A história vai mostrar onde se errou, e se algumas mortes poderiam ser evitadas”, disse Bolsonaro, que na sequência voltou a defender a hidroxicloroquina, afirmando que o remédio “deu certo” no seu tratamento pessoal da covid-19 e também de ministros e outros cerca de 100 servidores do Palácio do Planalto que contraíram o vírus.
O presidente criticou seu ex-ministro Mandetta, a quem chamou de “grande marqueteiro da TV Globo”, por ter determinado isolamento domiciliar de pessoas sintomáticas e também de assintomáticas que moravam na mesma residência. “Não que o Mandetta tenha feito de má-fé, mas é uma medida que não deu certo”, acusou.
“Patriotismo” para o mercado
Bolsonaro também fez críticas à imprensa pela cobertura da saída dos secretários Paulo Uebel (Desburocratização) e Salim Mattar (Desestatização) do Ministério da Economia.
Bolsonaro reclamou que órgãos de imprensa teriam usado o termo “debandada” e agradeceu a Mattar e Uebel pelo trabalho. “Eu quero cumprimentá-lo [Mattar] pela forma que ele pediu para sair. Ele sentiu, como eu senti, a dificuldade que é privatizar uma estatal”, declarou o presidente, citando barreiras no Congresso para efetuar o plano de desestatização.
Mais tarde, o presidente admitiu que ministros discutiram a ideia de “furar” o teto de gastos do governo – que teria sido o estopim para a saída dos secretários e gerado atrito com o ministro Paulo Guedes – e reivindicaram mais dinheiro para suas pastas.
“Em torno de 95% do orçamento é comprometido e a gente briga, no bom sentido. É uma discussão de pauta. Mas alguém vazou [a conversa], o mercado reage, o dólar sobe, a Bolsa cai”, disse o presidente, que em seguida pediu “patriotismo” ao mercado financeiro.
“O mercado tem que dar um tempinho também. Um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles, aceitar essa pilha”, afirmou.
Fonte: Yahoo Notícias