Governo publica edital para venda do Parque de Exposições e recebe críticas

Parque de Exposições de Salvador recebe diversos eventos agropecuários

O governo do estado publicou nesta quarta-feira, 28, em edição do Diário Oficial do Estado (DOE), o edital de chamamento público para dar início ao processo de venda do Parque de Exposições e de outros terrenos da capital baiana.

A publicação foi antecipada pelo governador em live na última terça-feira, 27, quando o mesmo voltou a afirmar que o governo estadual não teria como arcar com “áreas ociosas” em grandes terrenos que podem gerar desenvolvimento econômico e renda para o estado.

“São terrenos enormes, mas não adianta ter grandes áreas ociosas que não geram atividades econômicas. Com a publicação desse edital, queremos chamar o Brasil inteiro para conhecer esses imóveis públicos e pensar quais atividades podem passar a funcionar nesses locais, gerando emprego e renda para a nossa população”, afirmou o governador Rui Costa.

Além do Parque de Exposições, o governo pretende vender também a área do Detran, o Centro de Convenções e o Terminal Rodoviário de Salvador.

Críticas da oposição

A publicação do edital foi recebida com críticas pela oposição ao governo estadual e por representantes do setor do agronegócio. O presidente estadual do DEM, o deputado federal Paulo Azi, afirmou que a venda do Parque de Exposições seria “um desrespeito ao setor agropecuário” e afirmou que os advogados do partido analisarão o edital e o processo pode ser judicializado.

“Uma coisa é vender terrenos que não têm utilidade, outra é uma área como aquela onde, por tantos anos, está instalado o parque, que gera muitos empregos. Se hoje o equipamento está tendo poucos eventos é por incompetência do governo, que não procura alternativas para tornar o parque útil”, afirmou.

A decisão também foi criticada pelo vice-prefeito de Salvador e candidato à prefeitura, Bruno Reis. De acordo com ele, que tem a construção de um novo Parque de Exposições como uma de suas promessas de campanha, a cidade não pode abrir mão de um equipamento público de grande importância para um setor que gera renda como a agropecuária.

“Se o atual a operação dá prejuízo, se ele não cumpre sua função social devidamente, é por má gestão. Cabe ao governo decidir o que vai fazer. Agora, que Salvador precisa de um Parque de Exposições, isso não tenha dúvidas. Se depender de mim para isso ocorrer, o segmento da agropecuária pode contar”, afirmou o candidato que chegou a aludir que a venda do equipamento seria uma tentativa de levantar fundos para pagar parte da ponte Salvador-Itaparica.

Setor agropecuário busca diálogo

Setor mais interessado no futuro do equipamento, a agropecuária também se manifestou de forma contrária à venda do equipamento. Em conversa com o jornal A TARDE, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), Humberto Miranda, questionou alguns dos argumentos do governador para a negociação.

“Se o parque é utilizado três, quatro, cinco vezes por ano, a culpa não é do setor porque a gestão não é do setor agropecuário. Quem gere é o governo do estado então não podemos transferir para um setor uma má gestão de um determinado equipamento público”, afirmou Humberto. De acordo com ele, a FAEB representa mais de 700 mil produtores rurais grandes e pequenos no estado, o que contraria também a fala do governador de que o Parque de Exposições não tem impacto na geração de empregos na capital.

“O governador diz que o parque não gera um emprego e isso não corresponde a realidade pois o setor agropecuário, que utiliza o parque para a apresentação e formalização de negócios, gera mais de 2 milhões de empregos e é um setor que representa mais de 20% do PIB do estado e é responsável por 49% de tudo que foi exportado na Bahia nesse primeiro semestre. Então o parque não tem como ser um prejuízo para o estado”, afirmou o presidente da Federação que lamentou o fato da decisão sobre a venda do local ter sido tomada sem diálogo por parte da esfera governamental.

“Queremos sentar com o governo para criar uma alternativa. Também não queremos que um equipamento tão grande fique sem utilização em algumas partes do ano. Queremos transformar aquilo em um espaço multiuso e isso deve ser dialogado. O governador cobra tanto o diálogo do Governo Federal em questões como a da vacina e não abre o diálogo com um setor tão importante como o agropecuário. É um pouco incoerente”, disse.

Inaugurado em 30 de setembro de 1978, o Parque ocupa uma área de 450 mil metros quadrados, entre as avenidas Paralela e Dorival Caymmi, no bairro de Itapuã, próximo ao Aeroporto Internacional de Salvador. Sedia eventos agropecuários, como a Exporural e a Feira Internacional da Agropecuária (Fenagro).

O espaço também recebe eventos dos mais variados tipos, como festivais e apresentações musicais nacionais e internacionais, como o Vila Mix e o Festival da Cultura Japonesa.

Fonte: A Tarde

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