Caso Mari Ferrer: MP diz que vídeo da audiência foi editado

O Ministério Público de Santa Catarina afirmou que os trechos que circulam na internet de uma audiência por videoconferência sobre o processo criminal envolvendo o empresário André Camargo de Aranha e a promoter Mariana Ferrer, no qual ele foi acusado de estuprá-la, foram editados.

Depois de causar indignação nas redes sociais devido à forma como o advogado do empresário, Cláudio Gastão da Rosa Filho, tratou Mariana Ferrer na audiência, o MP vai pedir ao Judiciário que retire o sigilo do depoimento, cujo vídeo foi divulgado na terça-feira (3), pelo site The Intercept Brasil.

Segundo a promotoria, foram cortadas as intervenções do juiz Rudson Marcos e do promotor Thiago Carriço de Oliveira para que o advogado de defesa interrompesse os ataques à jovem.

Durante a audiência, o advogado agride verbalmente e humilha a vítima. Em um ponto, ele mostra fotos de Mariana Ferrer tiradas por ela enquanto modelo profissional e define as poses como “ginecológicas”. Em outro momento, afirma, em tom agressivo, que jamais teria uma filha “no nível” de Mariana.

“Peço a Deus que meu filho não encontre uma mulher como você. Teu showzinho você vai lá dar no teu Instagram, para ganhar mais seguidores. Você vive disso.”

“Tu trabalhava no café, perdeu emprego, está com aluguel atrasado sete meses, era uma desconhecida. É seu ganha-pão a desgraça dos outros”.

Mariana começa a chorar e pede respeito.

Rosa Filho a repreende: “Não adianta vir com esse teu choro dissimulado. Falso. Essa lágrima de crocodilo”.

No vídeo revelado pelo site The Intercept, o juiz Rudson Marcos só interfere para perguntar se Mariana precisa tomar água para se recompor e diz que poderia suspender a audiência.

“Eu só estou pedindo respeito, doutor. Excelentíssimo, eu estou implorando por respeito, no mínimo. Nem acusado de assassinato é tratado como estou sendo tratada, pelo amor de Deus. Nunca cometi crime contra ninguém. O que é isso?”, diz ela.

Em uma rede social, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes classificou os ataques como “tortura”.

O Conselho Nacional de Justiça abriu investigação para apurar a conduta do juiz e do promotor.

O Ministério Público considera que os trechos do vídeo, da forma como foram editados, presta um desserviço ao mostrar Mari Ferrer sem nenhuma proteção às acusações do advogado, inibindo que outras vítimas procurem a Justiça em casos de estupro.

De acordo com a denúncia, o caso aconteceu em dezembro de 2018 durante uma festa em um clube de luxo em Florianópolis. Mariana Ferrer diz que havia bebido e que, posteriormente, foi dopada e estuprada por Aranha. Ele nega o crime.

O empresário foi inocentado pela Justiça, a pedido do Ministério Público, órgão responsável pela acusação, que entendeu que não havia provas para corroborar a acusação.

Fonte: Yahoo Notícias

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