CPI da Covid: Nise Yamaguchi pode ser reconvocada como testemunha e será obrigada a falar a verdade

Durante depoimento da oncologista e imunologista Nise Yamaguchi à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu que a médica fosse reconvocada na condição de testemunha, e não mais como convidada, para que tenha a obrigação de falar a verdade. O parlamentar queria a suspensão do depoimento de hoje.

Apesar de concordar com a falta da verdade, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), não acatou a questão de ordem. “Não acreditem nela! A vacina salva!”, disse Aziz.
O presidente da CPI da Covid pediu para que os espectadores que veem a comissão não levem em consideração as colocações da médica Nise Yamaguchi sobre a vacinação contra a covid-19. Conhecida por apoiar o uso da cloroquina, comprovadamente ineficaz contra a covid-19, Nise Yamaguchi declarou, em vídeo exibido na comissão, que a imunização não é o única caminho para combater a pandemia.
Encontros com Bolsonaro
Nise Yamaguchi negou que tenha participado de encontros privados com o presidente Jair Bolsonaro e reiterou a defesa ao chamado tratamento precoce, com medicamentos de ineficácia comprovada contra a covid-19. No entanto, a agenda de Bolsonaro registra pelo menos quatro reuniões com a médica, dos quais três com a presença de outras pessoas, e uma a sós.
“Nessa situação, eu entendia que era importante fazermos a ampliação dos tratamentos de acordo com o julgamento dos médicos. (…) Não estou aqui para defender um governo. Estou aqui para defender o povo brasileiro. Isso é baseado em ciência. Sou colaboradora eventual de qualquer governo que precisar de mim”, disse.
A CPI da Covid ouve nesta terça-feira a oncologista e imunologista Nise Yamaguchi sobre o que tem sido chamado de “gabinete paralelo”, grupo de fora do Ministério da Saúde que teria se reunido no governo e tido voz ativa na tomada de decisões do presidente Jair Bolsonaro para o enfrentamento à pandemia.
O presidente da Anvisa admitiu reunião no Palácio do Planalto para tratar da alteração da bula da cloroquina, com o objetivo de incluir o medicamento no tratamento da covid-19.
A informação de tentativa de alteração da bula foi dada inicialmente pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, na CPI. Mandetta, no entanto, afirmou que a iniciativa foi do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Tratamento precoce
Yamaguchi é defensora do chamado “tratamento precoce” com medicamentos como a cloroquina, droga comprovadamente ineficaz contra a doença. Ela é apontada como uma das principais conselheiras de Bolsonaro, já tendo sido cotada para a assumir a Saúde por duas vezes.
Questionada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, sobre o atraso na aquisição de vacinas contra a covid-19,Nise Yamaguchi afirmou que o problema foi a demora no “início do tratamento” dos pacientes, mesmo que não exista tratamento cientificamente comprovado contra o coronavírus.
“Eu considero que o atraso que existe no início do tratamento é o que tem determinado tantos mortos, não só isso, mas temos também um problema de diagnóstico”, disse.
Fonte: Yahoo Notícias