Após alta, Bolsonaro defende estudo sobre remédio sem eficácia comprovada contra a Covid-19

Após receber alta na manhã deste domingo (18) do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para tratamento da Covid-19. Ele disse que vai cobrar do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um estudo sobre a proxalutamida, que segundo ele já estaria sendo utilizada contra a doença em outros países.
Em abril, Bolsonaro já tinha citado a proxalutamida, normalmente indicada para tratamento de câncer de próstata e de mama. Estudos científicos já mostraram a ineficácia de outras drogas já defendidas pelo presidente para “tratamento precoce” da Covid, como a cloroquina.
— (A proxalutamida) É uma droga que está sendo estudada e que em alguns países têm apresentado melhora. Existe no Brasil de forma não ainda comprovada cientificamente, de forma não legal, mas tem curado gente. Vou ver se a gente faz um estudo disso daí para a gente apresentar uma possível alternativa. Temos que tentar. Tem que buscar alternativas e, com todo respeito, eu não errei nenhuma. Até quando, lá atrás, eu zerei os impostos da vitamina D — afirmou o presidente.

Bolsonaro afirmou que se surpreende com o fato de que, no Brasil, “quem fala em cura da doença é criminoso”.
— Não é chute. É estudo. Não consigo entender por que criminalizar qualquer possibilidade de se descobrir uma alternativa ou remédio — disse.
Na saída do hospital, o presidente voltou a fazer críticas à CPI da Covid e disse que “só Deus” o tira da cadeira da presidência.
— Se aparecer corrupção no meu governo, vou ser o primeiro a buscar uma maneira de apurar isso daí e deixar na mão de Justiça para que seja apurado — disse ele, afirmando que o país está há dois anos e meio sem corrupção.
O presidente embarcou no aeroporto de Congonhas de volta a Brasília e disse que vai despachar do Palácio do Planalto nesta segunda-feira.
Defendida por Bolsonaro desde o início da pandemia como parte de um “tratamento precoce” para a Covid-19, a cloroquina já teve sua ineficácia comprovada contra a doença em uma série de ensaios clínicos. Sociedades médicas e centros de referência já emitiram também recomendações contrárias ao uso da droga.
Técnicos do próprio Ministério da Saúde já afirmaram não ser possível comprovar os benefícios do uso da cloroquina e derivados para prevenir ou mesmo tratar pacientes de Covid logo no início do quadro clínico.
Em pesquisas já realizadas com o medicamento, ele não apresentou qualquer diferença ou trouxe qualquer benefício em relação ao tratamento comum, com oxigênio e antivirais. Ao contrário: além de ineficiente na melhoria do estado de saúde de pacientes, pode provocar efeitos cardíacos e hepáticos adversos. A medicação normalmente é usada contra artrite reumatoide e malária.
Em janeiro deste ano, a Sociedade Brasileira de Infectologia publicou nota desaconselhando o uso desse e outros remédios para a Covid. “A SBI não recomenda tratamento farmacológico precoce para COVID-19 com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro), porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício”, afirmou a entidade.
Fonte: Yahoo Notícias