Dólar recua ao menor nível desde 2024 e Ibovespa tem melhor semestre desde 2016

Alta de juros no Brasil, resultado do Caged e clima externo mais favorável impulsionam o real
O dólar comercial encerrou o pregão desta segunda-feira (30) em queda de 0,88%, cotado a R$ 5,435 — menor patamar desde setembro de 2024 —, refletindo a fraqueza da moeda americana no cenário internacional e o apetite global por risco.
Com isso, a divisa acumula perda de 12% no primeiro semestre de 2025, além de recuos de 4,76% no trimestre e 4,99% em junho.
Em contrapartida, o Ibovespa subiu 1,45% no dia e alcançou 138.854 pontos, acumulando avanço de 15,55% no semestre — o melhor desempenho para o período desde 2016 — e 6,7% no segundo trimestre. A alta mensal foi de 1,33%.
Selic, EUA, dívida pública e Caged
A valorização do real vem sendo impulsionada por uma combinação de fatores. No cenário local, a taxa Selic elevada mantém o diferencial de juros atrativo em relação a outros países, favorecendo o ingresso de capital estrangeiro.
No exterior, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, recuava 0,62% no fim da sessão, refletindo a cautela de investidores diante da proximidade de novos dados econômicos nos Estados Unidos.
Entre os indicadores aguardados, está o relatório de emprego norte-americano, previsto para quinta-feira (3), que pode oferecer pistas sobre a saúde do mercado de trabalho e influenciar as próximas decisões do Federal Reserve.
Uma possível desaceleração reforçaria as apostas em cortes nos juros, o que tende a pressionar o dólar.
No Brasil, dados divulgados pelo Banco Central mostraram que a dívida pública cresceu menos do que o projetado em maio, enquanto o déficit primário do setor público ficou abaixo das estimativas.
Além disso, os números do Caged, que apontaram uma criação de empregos formais menor que o esperado, ajudaram a derrubar os juros futuros durante a tarde e reacenderam expectativas sobre um eventual início de ciclo de cortes por parte do BC.
O governo federal divulgou hoje o número de empregos formais do mercado de trabalho em maio.
Fatores técnicos e geopolíticos
O movimento do câmbio também foi influenciado por fatores técnicos. Na reta final do trimestre, operadores relataram aumento na saída de dólares do país, em meio à derrubada, pelo Congresso, das novas alíquotas de IOF. Esse fluxo, no entanto, não impediu o fortalecimento do real.
No campo geopolítico, o ambiente de negociações comerciais também pesou. O Canadá retirou um imposto sobre serviços digitais pouco antes de sua entrada em vigor, sinalizando disposição para avançar em acordos com os Estados Unidos.
Enquanto isso, investidores seguem atentos à postura americana nas tratativas com a União Europeia e o Japão, em meio ao fim do prazo para revisão de tarifas.
Segundo analistas, o cenário de apetite global por risco, somado a fundamentos domésticos relativamente sólidos, deve continuar sustentando o bom desempenho dos ativos brasileiros no curto prazo.
Ainda assim, o mercado segue vigilante quanto ao andamento da economia americana e à evolução do quadro fiscal e político no país, especialmente diante da proximidade das eleições de 2026.
Fonte: Notícias r7