PF cita investigação contra Flávio em relatório sobre possível intervenção de Bolsonaro na corporação

A Polícia Federal traçou um cronograma sobre os possíveis interesses e tentativas de interferência do presidente Jair Bolsonaro na corporação, para embasar o inquérito que apura se ele cometeu algum crime ao trocar a direção-geral do órgão. A investigação foi aberta em abril, após pedido de demissão do então ministro da Justiça Sergio Moro, que acusou Bolsonaro de querer interferir indevidamente na PF para frear investigações contra aliados.
O relatório, de 57 páginas, elenca como fatos relevantes nessa cronologia a investigação contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Ministério Público do Rio sobre o esquema de “rachadinha” em seu gabinete, o inquérito eleitoral sobre suposta lavagem de dinheiro de Flávio que tramitou na PF do Rio, a citação indevida ao deputado federal Hélio Negão (PSL-RJ) em um inquérito e a preocupação com o inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF). A PF não lança uma conclusão nem estabelece uma relação direta entre esses fatos e as tentativas de troca do superintendente do Rio e da direção-geral.
“O objetivo é fornecer elementos necessários e suficientes para a Autoridade Policial embasar, caso assim entenda, decisões em investigação existente na Polícia Federal sobre a temática”, diz o relatório.
O primeiro fato citado é a comunicação, feita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), sobre movimentações financeiras suspeitas envolvendo o gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio. Esse relatório do Coaf foi que revelou transações milionárias do assessor Fabrício Queiroz.
O relatório também destaca declarações de Bolsonaro sobre sua intenção de interferir na PF, a começar por 15 de agosto, quando ele anunciou que trocaria o superintendente da PF do Rio. O assunto também foi abordado no dia seguinte e é citado pela PF. No dia 21 de agosto, outra declaração do presidente foi registrada.
Uma das próximas diligências da investigação será tomar o depoimento de Bolsonaro. A PF aguarda definição do ministro Celso de Mello sobre a forma do depoimento, presencial ou por escrito.
Fonte: Yahoo Notícias