Em plena pandemia, Queiroga admite que não há infectologistas no Ministério da Saúde: “Pasta está sendo reduzida”

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta terça-feira (8) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid que não há sequer um médico infectologista em atividade no Ministério da Saúde, embora o Brasil esteja em plena pandemia do coronavírus próximo das 480 mil mortes.
Questionado pelo relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), Queiroga revelou que não há médicos infectologistas no quadro técnico da pasta. Ele lamentou e disse que os quadros da pasta estão sendo reduzidos.

Segundo o ministro, os especialistas são ouvidos apenas como consultores. De acordo com Calheiros, a fala do cardiologista era “grave”. Queiroga concordou que o quadro é “grave”.
Queiroga depõe pela segunda vez à CPI da Covid no Senado. Antes, o ministro prestou depoimento no dia 6 de maio. Além dele, já estiveram presentes na comissão:
- Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde
- Nelson Teich, ex-ministro da Saúde
- Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde
- Marcelo Queiroga, ministro da Saúde
- Carlos Murillo, CEO da Pfizer na América Latina
- Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação
- Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Exteriores
- Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde
- Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan
- Nise Yamaguchi, médica oncologista
- Luana Araújo, médica infectologista
Médico e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Queiroga é o quarto ministro à frente da pasta durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele assumiu o ministério em março deste ano, após a saída do ex-ministro Eduardo Pazuello e em meio a um pico de mortes e contaminações por Covid-19.
Queiroga foi reconvocado para depor na CPI da Covid porque os senadores consideraram que suas respostas em 6 de maio contiveram muitas contradições e não esclareceram os pontos investigados. O médico se recusou a responder diversas perguntas de maneira objetiva, o que irritou senadores.
Copa América é ‘evento pequeno’ e sem ‘risco adicional’
No depoimento desta terça (8), mais cedo, Queiroga afirmou que a realização da Copa América no Brasil não representa um “risco adicional” para transmissão do novo coronavírus no país por se tratar de um “evento pequeno”.
Após desistências da Colômbia e da Argentina de sediar a competição, o Brasil tem sido alvo de críticas ao se oferecer para realizar o evento no momento em que o país registra elevados números de contágio e mortes por Covid-19.
No entanto, especialistas afirmaram que a realização do evento pode piorar a siuação da pandemia no Brasil.
No depoimento, Queiroga ainda negou que tenha “dado aval” para a realização ou não torneio, e disse que somente avaliou e aprovou os protocolos sanitários aplicados pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
“O esporte está liberado no Brasil e não existe provas de que essa prática aumenta o nível de contaminação dos atletas. Qualquer jogador para entrar no Brasil precisa fazer o exame RT-PCR. Pedi para diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia para fazer uma revisão sistemática da literatura e não consta que essa prática (da Copa América) aumente a circulação do vírus que possa colocar em risco a vida dos jogadores ou dos membros da comissão”, afirmou o ministro.
Sobre a CPI da Covid no Senado
O que deve ser investigado pela CPI
- Ações de enfrentamento à Pandemia, incluindo vacinas e outras medidas como a distribuição de meios para proteção individual, estratégia de comunicação oficial e o aplicativo TrateCOV;
- Assistência farmacêutica, com a produção e distribuição de medicamentos sem comprovação
- Estruturas de combate à crise;
- Colapso no sistema de saúde no Amazonas;
- Ações de prevenção e atenção da saúde indígena;
- Emprego de recursos federais, que inclui critérios de repasses de recursos federais para estados e municípios, mas também ações econômicas como auxílio emergencial.
Fonte: Yahoo Notícias