Secretaria deixa de divulgar número de homicídios durante motim de policiais no Ceará
A Secretaria da Segurança Pública do Ceará informou nesta quinta-feira (27) que não vai mais divulgar o número de homicídios ocorridos durante o motim de parte dos policiais militares. Conforme a pasta, “com o fim do carnaval, há um acúmulo de trabalho no setor de estatística, que deve ser normalizado nos próximos dias”.
Entre 19 e 24 de fevereiro, o estado teve 170 homicídios, uma média de 24 mortes por dia, conforme a Secretaria da Segurança. Antes do início da paralisação dos policiais, a média no Ceará neste ano era três vezes menor, com oito assassinatos por dia.
A Secretaria da Segurança Pública divulga mensalmente os assassinatos ocorridos no Ceará. Em nota, ela afirma que os dados diários eram publicados “de forma extraordinária”.
“Agora, a Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp), setor responsável pela contabilidade dos dados, retorna ao trabalho habitual para consolidar os números e realizar a divulgação dos dados mensais.”
Na terça-feira (25), primeiro dia sem os dados oficiais da Secretaria da Segurança, o Ceará registrou 25 homicídios, de acordo com coronel do Exército Leônidas Carneiro Júnior, oficial de comunicação das Forças Armadas.
Com essas mortes, o Ceará soma 195 homicídios durante o motim dos militares. O número representa um aumento de 57% em relação aos casos registrados durante a última paralisação de PMs no Ceará, em 2012. O movimento daquele ano durou sete dias (de 29 de dezembro de 2011 e 4 de janeiro de 2012).
Subiu para 47 o número de policiais militares presos desde o início do motim. Desse total, 43 agentes foram presos por deserção, que é o abandono do serviço militar; 3 presos por participar em motim; e 1 PM preso por queimar um carro particular.
Resumo:
- 5 de dezembro:policiais e bombeiros militares organizaram um ato reivindicando melhoria salarial. Por lei, policiais militares são proibidos de fazer greve.
- 31 de janeiro: o governo anunciou um pacote de reajuste para soldados.
- 6 de fevereiro: data em que a proposta seria levada à Assembleia Legislativado estado, policiais e bombeiros promoveram uma manifestação pedindo aumento superior ao sugerido.
- 13 de fevereiro:o governo elevou a proposta de reajuste e anunciou acordo com os agentes de segurança. Um grupo dissidente, no entanto, ficou insatisfeito com o pacote oferecido.
- 14 de fevereiro:o Ministério Público do Ceará (MPCE) recomendou ao comando da Polícia Militar do Ceará que impedisse agentes de promover manifestações.
- 17 de fevereiro:a Justiça manteve a decisão sobre possibilidade de prisão de policiais em caso de manifestações.
- 18 de fevereiro:três policiais foram presos em Fortaleza por cercar um veículo da PM e esvaziar os pneus. À noite, homens murcharam pneus de veículos de um batalhão na Região Metropolitana.
- 19 de fevereiro:batalhões da Polícia Militar do Ceará foram atacados. O senador Cid Gomes foi baleado em um protesto de policiais amotinados.
- 20 de fevereiro:policiais recusaram encerrar o motim após ouvirem as condições propostas pelo Governo do Ceará para chegar a um acordo.
- 21 de fevereiro:tropas do Exército começam a atuar nas ruas do Ceará.
- 22 fevereiro:Ceará soma 88 homicídios desde o início do motim. Antes do movimento dos policiais, a média era de seis assassinatos por dia. Governo do Ceará anuncia afastamento de 168 PMS por participação no movimento.
- 24 de fevereiro: ministro Sergio Moro visita Fortaleza para acompanhar a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
- 25 de fevereiro:governo divulga que já tem 43 policiais presos por deserção, motim e queima de veículo particular.
- 26 de fevereiro: Comissão formada pelos três poderes é criada para buscar soluções para paralisação dos PMs. Ceará pede ao governo federal prorrogação da presença de militares do Exército no estado.
Fonte: G1