Jaques Wagner e aliados fazem defesa contra acusações da Polícia Federal: “Nunca recebi e nunca pedi propina”.

Depois de cumprir mandados de busca e apreensão na casa do ex-governador, PF afirma que Wagner pode ter recebido cerca de R$ 82 milhões em propinas durante construção da Arena Fonte Nova

O ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, teve um dia bastante movimentado nesta segunda-feira(26), depois de ter sido acordo por agentes da Polícia Federal, que foram ao apartamento dele, no 13º andar de um prédio de luxo no Corredor da Vitória. O objetivo não foi uma visita cordial e sim, o cumprimento de mandado de busca e apreensão expedido pelo Tribunal Regional Federal, 1ª Região, na operação batizada de Cartão Vermelho.

A acusação contra o atual secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo da Bahia, filiado ao Partido dos Trabalhadores, é de participação em um esquema de propina e desvio de verbas durante a construção da Arena Fonte Nova. Em entrevista no meio da manhã, a PF informou que o superfaturamento dessa obra ultrapassou os R$ 450 milhões de reais e, desse valor, Jaques Wagner teria ficado com R$ 82 milhões.

De acordo com as informações divulgadas nessa coletiva, durante a ação dos federais houve apreensão de documentos, mídias e 15 relógios de luxo encontrados no apartamento de Wagner. A sede da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, pasta que Wagner comanda atualmente, também foi alvo de mandados e de onde foram levados documentos.

A partir da divulgação do trabalho dos agentes federais, a repercussão começou e logo houve manifestação de políticos de diversos partidos, mas, principalmente, dos que são diretamente ligados ao Partido dos Trabalhadores. Durante todo o dia, a imprensa foi alvo de mensagens enviadas por políticos que defendem Jaques Wagner e a grande maioria condenou a ação, considerada “midiática e desnecessária”.

Foi assim, por exemplo, a manifestação do governador Rui Costa, filiado ao PT e que mantém Wagner na sua equipe, bem como o chefe da Casa Civil, Bruno Dauster, também alvo da operação, além do empresário Carlos Daltro, ligado a Jaques Wagner. “Uma operação casada com a visão midiática, da propaganda negativa em ano eleitoral, o que só reafirma essa tendência de parcialidade no processo de investigação”, disse o governador, ainda pela manhã.

O líder do governo da Bahia na Assembleia Legislativa, deputado estadual Zé Neto(PT), disse que “a ação da Polícia Federal desta segunda-feira está contaminada por tratativas eleitorais e não apresenta fato novo relevante ao processo que se desenrola há tempo”, completou.

No meio da tarde o ex-governador, indiciado pela PF, convocou a imprensa para uma entrevista coletiva. Ao lado de assessores e advogados, ele foi enfático: “Eu não sei de onde tiraram aquele valor de R$ 82 milhões, e acho estranho que, antes da investigação chegar ao fim, alguém já se pronuncie nesses termos […] Então, repilo a ideia de receber propina. Nunca recebi e nunca pedi propina”.

O advogado Tiago Campos, que trabalha na defesa de Wagner, disse que ainda não teve acesso ao inquérito completo. “A primeira coisa que fizemos foi pedir acesso à integralidade do inquérito. Nós não temos ciência da integralidade do processo, por mais que seja um processo de apuração inicial”, informou.

Integrantes da chamada base aliada do PT e outras lideranças políticas foram convocados para um ato em solidariedade a Jaques Wagner, que faliu para os presentes, chamando-os de “companheiros presentes”. “Passo a integrar a galeria dos injustiçados”, citando o ex presidente da Petrobras, Sergio Gabrielle, que também é investigado e teve seus bens bloqueados.

Fonte: Agora na Bahia

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