Fraude no INSS: entidade investigada cresceu com apoio de políticos e expandiu negócios

Conafer é a entidade com mais processos entre as investigadas, passando de 40 mil ações ativas em todo o país – a maioria por descontos ilegais
Detalhes exclusivos da fraude no INSS. A investigação aponta que uma das entidades que mais faturou com os descontos indevidos dos aposentados cresceu com o apoio de políticos e expandiu os negócios.
A Conafer, Confederação Nacional de agricultores Familiares enviou uma mensagem no grupo dos funcionários dizendo “que, por problemas de logística interna”, o salário, neste mês, vai atrasar e será pago a partir do dia 15.
A arrecadação da entidade explodiu de 2019 a 2023: passou de R$ 400 mil por ano para R$ 202 milhões, segundo dados da Controladoria-Geral da União. Agora, os bens estão bloqueados e os descontos associativos proibidos temporariamente. A Conafer é a entidade com mais processos entre as investigadas, passando de 40 mil ações ativas em todo o país – a maioria por descontos ilegais.
Ela também é investigada como uma das associações que teria pago uma mesada a pelo menos 15 parlamentares para ter influência no INSS. Em abril de 2024, o presidente da Conafer, Carlos Lopes, participou do lançamento da Frente em Defesa do Empreendedorismo Rural, que conta com o apoio de 212 deputados e senadores. Ele era o único representante de uma empresa privada.
Investigadores apuram se Carlos Lopes usou o dinheiro do faturamento milionário da Conafer para investir na sua holding financeira, com atuação em diversos ramos. Como um banco digital, o Terra Bank, que oferece empréstimos consignados.
Um dos investimentos do dono da Conafer é uma loja de artigos indígenas chamada Jaguar. Segundo o que a própria Conafer divulga, tem uma unidade dessa em Brasília e em diversos aeroportos do Brasil e do mundo. A unidade de Brasília está fechada desde que a operação aconteceu há pouco mais de um mês. No local, tem bolsas feitas por indígenas de cerca de R$ 1200.
A Conafer nega ligação com parlamentares e afirma que está acompanhando e revalidando quando solicitado as fichas de descontos ao próprio INSS. E que a loja de artigos indígenas um projeto pessoal de Carlos Lopes, que não se manifestou.
A Justiça Federal já mandou bloquear R$ 119 milhões em bens de empresas investigados por suspeitas de fraudes contra aposentados. Nada da Conafer. O dinheiro vai ser usado para ressarcir as vítimas.
Fonte: Band